Petrobras reduz preço da gasolina nas refinarias, mas impacto nas bombas ainda é incerto no Pará
Economia

O mês de junho começou com alívio para os consumidores brasileiros: a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (2) a primeira redução no preço da gasolina vendida às refinarias em 2025. A partir desta terça-feira (3), o valor médio do litro passará de R$ 3,01 para R$ 2,85 — uma queda de R$ 0,16, o equivalente a 5,6%.
A decisão, segundo a estatal, foi motivada pela recente retração no preço do barril de petróleo no mercado internacional. Além disso, a Petrobras reiterou que, desde a mudança na política de preços em 2023, não adota mais o modelo de paridade internacional (PPI). Atualmente, os reajustes seguem critérios comerciais próprios, considerando o mercado interno, custos operacionais e a sustentabilidade financeira da empresa.
Pará: alívio limitado e preços ainda elevados
No entanto, no Pará, os efeitos da redução nas refinarias ainda são incertos. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE/PA) apontam que, mesmo com a nova medida, o preço da gasolina acumulou alta de 5% no estado nos últimos 12 meses.
Na última semana de maio (25 a 31/05), o litro do combustível era vendido em média a R$ 6,26 nos postos paraenses — um salto em relação aos R$ 5,96 registrados no mesmo período de 2024.
Grande variação de preços preocupa consumidores
Além do valor elevado, outro fator que chama atenção é a significativa diferença de preços entre postos de combustíveis no estado. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço do litro da gasolina no Pará variava, na última semana de maio, entre R$ 5,41 e R$ 7,15 — uma oscilação superior a 30% entre o valor mais baixo e o mais alto.
O mesmo fenômeno é observado no caso do óleo diesel, cuja média também foi de R$ 6,26, com variações expressivas entre estabelecimentos. O DIEESE/PA alerta que a disparidade reforça a importância da pesquisa de preços por parte dos consumidores antes de abastecer.
Santarém e Alenquer entre os maiores preços do país
A análise do DIEESE também destaca que o Pará abriga alguns dos municípios com os maiores preços médios da gasolina no Brasil. Santarém e Alenquer, por exemplo, ocuparam a 10ª e 11ª posições, respectivamente, no ranking nacional da ANP dos municípios com gasolina mais cara.
Em Santarém, o litro foi vendido a uma média de R$ 7,02, chegando a R$ 7,15 em alguns postos. Já em Alenquer, o preço médio foi de R$ 6,89, com registros de até R$ 7,10 — valores que contrastam fortemente com os praticados em outras regiões do país.
Redução nas refinarias pode não chegar às bombas
Apesar da medida anunciada pela Petrobras, especialistas alertam que nem sempre a redução no valor nas refinarias é automaticamente repassada ao consumidor final. O repasse depende de uma cadeia composta por distribuidoras e postos de combustíveis, que avaliam variáveis como estoques antigos, custos operacionais e margem de lucro.
O DIEESE/PA avalia que, se houver repasse, o alívio poderá beneficiar milhares de trabalhadores e consumidores paraenses, além de contribuir para a redução de preços em outros setores, já que os combustíveis têm peso significativo na cadeia logística e nos custos de transporte.
No entanto, a entidade também faz um alerta: “Toda mudança nos preços dos combustíveis — para cima ou para baixo — impacta diretamente a inflação, o poder de compra das famílias e o custo de vida da população”.
Perspectivas para os próximos meses
Com o cenário internacional ainda instável e o consumo interno sujeito a sazonalidades, os próximos reajustes dependerão da oscilação do petróleo e da estratégia comercial da Petrobras. Para os consumidores, a expectativa é que a recente queda abra caminho para uma possível estabilidade ou até reduções adicionais nos preços, especialmente se distribuidores e revendedores aderirem ao movimento.
Enquanto isso, no Pará, a realidade nos postos continua desafiadora — com altos preços, grandes variações e a necessidade constante de pesquisa e planejamento por parte da população.